Em Busca da Felicidade
Todos os homens procuram ser felizes. Isso não tem exceção, por mais diferentes que sejam os meios empregados. Todos tendem para esse fim. O que faz com que uns vão para a guerra e que outros não vão é esse mesmo desejo que está em ambos acompanhado de diferentes visões. A vontade nunca faz o menor movimento que não seja em direção desse objetivo. É o motivo de todas as ações de todos os homens, até daqueles que vão se enforcar. (Blaise Pacal, Pensamentos, nº 148).
Pascal está certo. Um homem já adulto, mais perto dos 40 do que dos 30, sai pra jogar bola com os amigos. Duas horas mais tarde ele volta arrebentado e reclamando de múl-tiplas dores. Sua esposa diz:
— Não quero escutar. Você foi jogar porque quis.
Mas não adianta. Semana que vem ele estará na quadra de novo. Por quê? Por causa da lembrança do prazer de jogar.
As mulheres não são diferentes. Ao assistir um programa de TV, uma jovem vê uma bela atriz usando um vestido chiquérrimo. Ela quer um igual. Por quê? Porque pensa nos olhares enciumados das suas amigas (e talvez dos olhares atenciosos dos rapazes) e imagina o prazer que ela terá.
Essa busca por felicidade não é um defeito. Deus nos fez assim. Mas há três coisas que precisamos observar. Primeiro, às vezes buscamos um impostor—algo que parece com a felicidade, mas não é. Um impostor frequente é o prazer, ou até uma sensação física agradável.
Lembro de uma das primeiras vezes que assisti um filme em vídeo. Fiquei empolgado, deslumbrado. O filme foi emocionante. A adrenalina correu solto. Estava nas nuvens e queria sentir assim de novo. Aluguei mais filmes, sempre buscando o mesmo sentimento, mas raramente voltou ou voltou com a mesma força. A verdade é que estava apenas buscando uma sensação e isto não é felicidade.
A busca por uma mera sensação pode ser muito destrutiva. Imagino que é a razão que muitos se viciam na bebida, nas drogas, ou no sexo. Por experiência própria sei que esse impostor leva à procrastinação e à preguiça: enquanto não sentir bem, você não se motiva a trabalhar. Como essa sensação nunca vem, você nunca trabalha.
E isso nos leva a uma segunda observação: se ao invés de esperar por uma sensação de bem estar você faz o que tem que fazer, o prazer vem logo em seguida. Em outras palavras, a felicidade é consequência. Não se pode buscá-la diretamente. Ela está ligada a um outro objeto.
Conheci uma igreja que resolveu buscar felicidade em Deus. Parece um bom objetivo, mas não foi. Tentaram produzir felicidade de forma artificial. Introduziram práticas manipulatórias e sentimentais, mas sem o resultado desejado. Se, porém, tivessem buscado a Deus, a felicidade teria vindo naturalmente.
E note a terceira observação: a qualidade da felicidade depende do objeto contemplado. Deus nos dá muitas coisas prazerosas: um bom casamento, filhos, belas paisagens, boa comida, etc. Mas nenhuma dessas coisas pode nos trazer a felicidade que todos nós buscamos. Muito pelo contrário. Elas são sinaleiros que apontam para a fonte do prazer real: Deus. Elas cumprem seu papel quando as usamos como guias para nos levar a Ele. E se O contemplarmos, aí desfrutaremos da mais profunda felicidade — a única que pode nos satisfazer completamente.
Mark A. Swedberg