Deus-é-bom!

Os puritanos foram um partido de protestantes ingleses e norte-americanos que viveram entre 1550 e 1700. Eles achavam as reformas religiosas da Rainha Elizabeth I inadequadas e incompletas. Queriam que fossem mais longe.

Hoje os puritanos são conhecidos pela sua rigidez moral e fanatismo religioso. Veja como o dicionário Michaelis define “puritanismo”: “1 Seita protestante que prega e pratica princípios morais puros e rígidos e formas simples de adoração. 2 Austeridade de princípios. 3 Qualidade da pessoa que alardeia grande rigidez de princípios.” Outra pessoa definiu o Puritanismo como o medo que alguém em algum lugar está se divertindo. Em outras palavras, “puritano” hoje significa “estraga-prazeres”.

Mas isto é um profundo engano. Longe de serem estraga-prazeres, os Puritanos eram caça-prazeres. A questão crucial é: o que traz real prazer? Muitas vezes somos como uma criança pobre que prefere se divertir soltando uma pipa quando lhe foi oferecido umas férias na Europa. Os Puritanos entendiam que as diversões e os apetrechos deste mundo não oferecem o prazer de uma comunhão íntima e intensa com Deus.

Estive refletindo sobre uma frase absolutamente verdadeira, mas grandemente abusada em nossas igrejas hoje: “Deus é bom”. Deus é bom. Só precisamos meditar um pouco sobre os primeiros dois capítulos de Gênesis para entender isto. Sete vezes no capítulo 1 Deus diz da Sua criação, que era bom. Se perguntarmos: bom para quem? A resposta seria: bom para o homem.

No versículo 27, Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança. Isso significa que o homem foi feito para ter comunhão com Deus. No versículo 28, Deus abençoou o homem com a habilidade de procriar e encher a terra. No sétimo dia, Deus descansou, não porque estava cansado, mas para poder desfrutar da Sua criação.

No capítulo dois, Deus criou um jardim paradisíaco — um jardim que não tinha mato ou insetos ou temperaturas extremadass, mas só o que era bom. E fez tudo isso para o homem. A única coisa não boa que tinha ali era a solidão do homem: ele necessitava de uma companheira. Interessante é que o homem não percebeu esta falta. Só Deus viu e logo agiu para suprir a deficiência, criando, do homem, a mulher. Que presente maravilhoso! Que Deus bom! Existe alguém melhor do que o nosso Deus?

E o que fez o homem? Desconfiou da bondade de Deus. Isso mesmo: depois de tantas evidências do contrário ele achou que Deus estava tentando prejudicá-lo. Deus havia proibido que o homem comesse o fruto de uma árvore em todo o jardim — uma só árvore — e o homem foi lá e comeu.

Lamentavelmente, ainda somos assim. Cantamos em nossas igrejas que Deus é bom. Pregamos a mensagem: Deus é bom. Repetimos uns aos outros que Deus é bom. E Deus é bom. Mas o que significa isto? Que Deus não nos proíbe nada? Que Deus não está nem aí com nosso pecado? Que Deus não permite dificuldades e tribulações em nossa vida?

Não. Significa que Deus quer o que é melhor para nós e Ele sabe o que é bom. Quando Ele nos proíbe de fazer certas coisas, é porque Ele é bom. Quando Ele nos disciplina e corrige, é porque Ele é bom. Quando Ele nos deixa passar pelo fogo da provação, é porque Ele é bom. E a prova da Sua bondade é a cruz: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Romanos 8:32).

Dizemos que Deus é bom, mas escolhemos os prazeres deste mundo ao invés de Deus. Cantamos que Deus é bom, mas tentamos usá-lo para satisfazer a nossa carne. Temos plena convicção que Deus é bom, mas não sabemos nada sobre este Deus e mal conseguimos o ânimo para irmos à igreja, muito menos estudar a Bíblia e orar.

Decide: Deus é bom, ou não é? Se Ele de fato for bom, busca a Ele e não às tuas diversões; ama a Ele e não ao mundo.

Os puritanos não eram austeros; estavam certos. Eles entendiam que só Deus é bom e não permitiam que nada os distraísse de buscá-lo. “Vai e procede tu de igual modo” (Lucas 10:37).

Mark A. Swedberg

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