o papel do conselheiro bíblico
Se aconselhamento bíblico é a respeito da glória de Deus, e se Deus é muito mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nele, então o papel do conselheiro bíblico é ajudar a aumentar a satisfação em Jesus Cristo. Como nós, como conselheiros, podemos ajudar aqueles que aconselhamos a achar sua satisfação em tudo o que Deus é para nós em Jesus Cristo? É um processo; geralmente lento, por vezes meticuloso, mas é um processo. É um processo que requer muita paciência, amor, e geralmente repetição. É um processo que pode parecer três passos para frente e dois passos para trás. Mas esta é a trajetória do conselheiro bíblico. Se nosso conselho for um conselho cristocêntrico que leva os aconselhados a satisfação aumentada em Jesus, eu sugeriria três passos para alcançar esse resultado.
Primeiro, Deus precisa ser parte da estória. Depois de ouvir um aconselhado a desenrolar sua estória geralmente há alguma coisa, ou melhor, alguém deixado de lado – chamado Deus. No meio de suas provações, dores ou sofrimento, Deus não é mencionado; ele é esquecido. Como conselheiro eu pergunto: “Onde está Deus? Onde ele está na sua luta? Ele sabe o que você está experimentando, pensando, sentindo, desejando?” Eu quero que eles vejam que Deus é parte da estória deles e ele tem estado lá o tempo inteiro.
Mas trazer Deus para a estória é apenas o primeiro passo. A seguir quero ajudar o aconselhado a ver que Deus é soberano na estória dele e a bondade de seus projetos soberanos. Quero que meus aconselhados vejam Deus assentado em seu trono como Senhor do Universo.
Para chegar neste ponto faço outra série de perguntas: “Se Deus está na estória, se ele é parte da sua estória, poderia ele tê-la mudado? Pode ele mudar sua situação, sua circunstância neste momento?” Sim, ele poderia, mas não o fez. A luta permanece, a dor continua e a provação é difícil.
Mais perguntas: “Você acredita que Deus é bom? Deus é bom quando ele exerce sua soberania? Ele quer o melhor para você?” Eu quero que o aconselhado veja que Deus é bom em sua soberania. Mesmo nos momentos mais difíceis da vida, Deus é bom e está fazendo o bem. “E sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8.28-29). Como conselheiros bíblicos podemos dizer com confiança que Deus irá usar suas circunstâncias, suas experiências para adequá-los à imagem de Jesus – que é o bem que ele prometeu. Trazer Deus para a estória e afirmar a soberania dele nela, coloca Deus no centro onde ele pertence. A perspectiva do aconselhado é reorientada do foco em si mesmo para o foco em Deus. O aconselhado vê que a estória dele não é em última análise a respeito dele, é a respeito de Deus; nosso conselho agora se torna teocêntrico.
Em terceiro lugar, eu quero ajudar os aconselhados a verem que a estória deles é parte de algo muito maior do que eles mesmos, é parte da grande narrativa de redenção de Deus. É a respeito da glória e fama de Deus. Embora a estória deles possa parecer extremamente pequena e insignificante comparada com tudo o que Deus está fazendo através dos tempos e da história, ela é importante para Deus. Deus está interessado e intimamente envolvido na estória deles porque ele é parte da sua estória, parte do que ele está fazendo. Porque a maior estória é primariamente sobre Deus e sua glória, o aconselhado pode estar certo que Deus está cuidando de cada pequeno detalhe porque Deus é zeloso com sua própria fama e reputação, sobre o que a estória do aconselhado diz sobre ele.
Como um conselheiro bíblico quero encorajar meu aconselhado que a Bíblia é relevante para a batalha dele. A Bíblia fala à experiência dele. A Bíblia lida com a vida, com ambos, tanto o seu melhor como o seu pior. A Bíblia fala sobre traição. A Bíblia fala sobre o pecado e suas consequências. A Bíblia fala sobre conflito, sofrimento e famílias desestruturadas. A Bíblia fala sobre enfermidades e problemas físicos. A Bíblia está cheia de estórias de redenção, restauração, cura e reconciliação que são maravilhosamente encorajadoras, que glorificam a Deus, na vida de imperfeitos, pessoas sofridas, pessoas como eles. Os nomes dos aconselhados podem não estar escritos nas páginas de suas Bíblias, mas se eles estão em Cristo, a estória deles faz parte da grande narrativa de redenção de Deus. E o clímax desta narrativa é encontrado no evangelho de Jesus Cristo, onde toda alegria duradoura é encontrada.
Todos somos pecadores fracos que precisam de um Salvador; Jesus Cristo é este Salvador. Além do mais, Jesus nos conhece. Ele experimentou nossas tentações e está familiarizado com o nosso sofrimento.
Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna (Hebreus 4. 14-16).
Nós temos um Salvador que irá nos levar até Deus sem medo ou vergonha. “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (1 Pedro 3.18).
Há esperança no evangelho. Há cura no evangelho. Há poder no evangelho. “Fiel é a Palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1 Timóteo 1.15). Há uma alegria indizível no evangelho. “Oh! Provai e vede que o Senhor é bom!” (Salmo 34.8). Corações são atraídos para os céus em adoração. Juntos nós somos satisfeitos em tudo que Deus é para nós em Jesus Cristo. Levamos nossos aconselhados a se tornarem totalmente devotados a Deus, exaltadores de Cristo, que amam as pessoas e amam a Deus e alegremente esquecem de si mesmos, não importam as lutas e as crises em que enfrentem ou encontrem no futuro. Isto não significa que a dor, o sofrimento ou o pecado são insignificantes; são reais. A dor machuca, as lutas são difíceis, e o pecado fluindo de nós e vindo até nós é uma realidade da experiência humana. Mas ver Deus no centro, recebendo a verdade iluminada da sua palavra, experimentando a graça de Deus no evangelho no passado dá esperança para o presente e para o futuro. A terra pode tremer, a poeira pode girar ao nosso redor, mas isso nós sabemos: quando o tremor parar e a poeira se assentar, Jesus ainda estará no seu trono, regendo, reinando e intercedendo pelos seus.
Trecho do livro “Aconselhamento Bíblico Cristocêntrico”
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